Década de 70, trabalhar no Polo Petroquímico de Camaçari era um sinal de progresso e sucesso profissional. Tenho orgulho de ter participado dessa época. Recentemente, 30anos depois, retornei para organizar um projeto empresarial que tinha uma das unidades justamente no polo petroquímico, e confesso que fiquei assustado com a decadência daquele espaço.
As lembranças de uma época áurea me tomaram de emoções, onde passei uma fase da minha vida produtiva. Logo, passou todo um filme desse período, com destaque à empresa que trabalhei durante quase 10 anos, CIQUINE PETROQUÍMICA, e ali fiz parte de uma verdadeira família, pois ficávamos durante a semana e o dia todo dentro da empresa. Não posso descrever essa época sem reviver nomes que fizeram parte dessa família. Graça Machado, a super secretaria sempre alegre e conselheira, meus chefes diretos Thomáz Whatelly e Artigas, sem esquecer aqueles pioneiros como Edmundo Oberlaender, Paulo Aticciati, Dr Mattos, Paulo Lopes, Álvaro Sarmento Pinto Leite, Salvador Ávila, e tantos outros com quem convivi e não os esqueço, Celso Conceição, Iraci, Roque Careca, Arnaldo Hentshel, Thales, Gelio Macedo, Maria Perpétua Ribeiro, Ayrton, de uma geração que contribuiu com o desenvolvimento da Bahia, e que aproveito aqui para homenagear aqueles que já partiram.
Fiquei diretamente ligado ao Polo Petroquímico de 1973 até 1994, entre a Ciquine e empresas do Grupo Nordeste que incluo o terminal de granéis líquidos no Porto de Aratu onde coordenei a sua implantação. Mas, o tempo passa e as mudanças acontecem e o Polo Petroquímico de Camaçari deixou de ser prioridade dos últimos governos, sucateando um patrimônio construído com o suor de abnegados que dedicaram a vida àquele projeto, nascido graças ao governo militar que tantos criticam.
O descaso dos governos com tantas fábricas fechadas faz doer o coração e tantos negócios podem ser pensados para aproveitar aquele desperdício de dinheiro nas fábricas abandonadas que arrisco sugerir desde polos de pequenas fábricas a projetos de pequenos animais, piscicultura dentre outros.
Aos 76 anos, mas ainda em atividade como consultor e produtor rural, e tendo participado dessa época de ouro, de fazer inveja às novas gerações, deixo esse registro que, quem sabe vai fazer parte do meu livro, mas também em homenagem a todos que fizeram parte de todas as empresas do Polo Petroquímico de Camaçari e que foram os verdadeiros pioneiros no desenvolvimento da Bahia.
Prof. José Afonso Baltazar da Silveira
Economista
Janeiro/2025